Se existe tempo para as coisas terminarem ou começarem,
Se existe tempo para as plantas brotarem,
para os amores despertarem,
Também existe o tempo para recomeçar.
Partir do zero da vida constituída. Ir onde nunca se pensou chegar.
Isso requer, partir pra cima do destino, esfregar na cara da vida, nosso peito de aço adquirido nas tranqueiras diárias, significa empurrar pra debaixo do tapete o medo, que acumulado, só traz desequilibrio e paranóia.
Re-começar, significa às vezes, sair de nenhum ponto de partida, mas querendo chegar no alvo apontado pela seta, que direciona nosso coração.
Se existe tempo para todas as coisas.
E se o mundo, por ventura, for mesmo dialético. assim tambem são nossas escolhas.
Ser obrigado a viver uma vida que não se quer viver, aturar pessoas que não mais suportamos, continuar em trabalhos que subjugam nossa inteligência, comungar com amigos que não reconhecem nossa força interior, se dedicar a amores que não sabem nada da nossa fragilidade, é simplesmente aceitar que a vida não tem movimento.
Há que sermos Dom Quixotes.
E experimentar a suprema aventura, do ser humano, que é viver...
Há que sermos Dom Quixotes de nosso próprio destino.
E arder no inferno das nossas escolhas,
Dormir em cama de capim por nossas escolhas,
Ver florir campos com nossas escolhas,
Desbravar desertos com nossas escolhas,
Essas escolhas, que são tão nossas, e que nos constituem, e que por vezes deixamos de lado, porque acreditamos que existem outras prioridades, e que é preciso fazer mil concessões para o nosso bem estar e o de nossos pares.
Há que sermos Dom Quixotes
Assim, sem mais nem menos, floresceremos.
Aos 20, aos 30, aos 40, aos 50, aos 60. aos 70 , aos 80...
Nós somos nós mesmos em todas as idades.
Só a carcaça, o velho corpo é que envelhece.
Mas a gente ainda tá lá. Borbulhantes como no primeiro dia em que respiramos fora do útero da mãe.
Estamos neste mundo e merecemos a vida. Porque ela é curta.
E ninguém nunca voltou pra dizer o que tem lá do outro lado.