terça-feira, 21 de junho de 2011

correspondência


Sou uma cética que crê em tudo, 
uma desiludida cheia de ilusões, 
uma revoltada que aceita, sorridente, 
todo o mal da vida, 
uma indiferente a transbordar de ternura. 
Grave e metódica até à mania, 
atenta a todas as sutilezas de um raciocínio claro e lúcido, 
não deixo, no entanto, 
de ser uma espécie de D. Quixote fêmea 
a combater moinhos de vento, 
quimérica e fantástica, 
sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, 
num dar de mim própria que não acaba, 
que não desfalece, que não cansa. 

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Aí então acontecem coisas que te chacoalham  a alma  e  te levam ao subterrâneo das  suas mais profundas  emoções.
O ideal é olhar pros lados e ver se tem alguma coisa em que se apoiar.  De repente, uma cadeira para  aguardar sentada o desenrolar da história.....  

a princesa cambalhotista



Esse é o vídeo da minha participação no Salão do Livro FNLIJ contando a história do meu livro infantil " a Princesa Cambalhotista", o vídeo não ficou muito legal, mas o que vale mesmo é o registo....

quarta-feira, 8 de junho de 2011

sobre pássaros


Eu poderia falar de tantas coisas...
Poderia falar do que está escondido nas metáforas do dia a dia, nos cumprimentos das tarefas diárias ou de coisas desimportantes como criar ervas daninhas em vasos de jardim.
Poderia falar também dos desertos vastos que vão cobrindo as imensidões das cidades, tão caóticas e solitárias, dos filhos únicos que tratam as pessoas como brinquedos, das chuvas finas que são aguardadas com temor pelos cariocas e fluminenses, poderia falar do imenso frio que faz no Rio, e do calor interno das pessoas que continua o mesmo. Poderia  falar do meu jardim, das minhas rosas que crescem despetaladas, como se tivessem medo de mostrar toda a sua beleza. Poderia falar dos risos das crianças que ecoam pelas escolas. Adoro riso de crianças na escola, dá vida aos prédios geralmente velhos e que  guardam em seus fossos,as memórias de outros tempos.

Poderia falar de escolhas  e tempos idos..

Sobre a mágica intensa que é amadurecer no mesmo corpo que desconhece os limites e a  evolução do próprio tempo.

Poderia falar do tempo. Esse arcanjo mágico, que parece passageiro, mas que nos engana o tempo todo quando buscamos na memória, as lembranças esquecidas e nos deparamos com  o incredível: O tempo, esse vasto, passou... e nos deixou aqui...ilesos , fragéis em nossa condição humana, perdidos num vago mundo entre ser e pertencer,  emparedados entre mundos passados e futuros.

Poderia falar da esperança. A última que morre, mesmo sem adubo, mas prefiro falar dos passarinhos, estes seres espaciais, que cantam a canção do mundo, desde que o mundo é mundo, com o mesmo tom, com o mesmo timbre, com a mesma marca...

Estes passarinhos que livres, podem sair voando e conhecer um céu livre de tecnologias,esses passarinhos que não sabem o que é a dor do amor, pois incorrigíveis, não se deixam enganar pelos sentidos.

Passarinhos da floresta divertem-se noite e dia, num alarido colorido e infinito junto a uma imensidão de céus e de manhãs.
Passarinhos da cidade, quando fogem da  gaiola, acabam fazendo seus ninhos nos buracos do ar condicionado dos grandes prédios em construção.

E o que mais me impressiona, é como podem aceitar com mansidão sua sina.

Mas depois me lembro: Eles podem voar.

E o mundo fica manso outra vez.  


   

a princesa cambalhotista

Hoje é o lançamento do meu livro infantil " A Princesa Cambalhotista"  que conta a história de uma princesa que apesar de herdeira de um grande reino, ousa desafiar o seu destino...

O lançamento será no Salão  FNLIJ  no Centro de Convenções SulAmerica, no centro do Rio, na Cidade Nova.

Quem puder ir, será bem chegado.

terça-feira, 7 de junho de 2011

mulheres que correm com os lobos

Estou lendo Mulheres que correm com os lobos da psicanalista junguiana Clarissa Pinkola Estés.

Entre uma e coisa e outra, ela vai trançando um resgate histórico da simbologia feminina no decorrer dos tempos, a busca pela nossa fêmea essência, no arquetipico da mulher selvagem.
A mulher que se doma e doma as coisas ao seu redor, libertando-se dos paradigmas impostos pela sociedade, costumes, religião, etc.

Gosto principalmente da parte de La loba, a velha mulher que recolhe ossos de animais  nas florestas e bosques..

Depois de recolher ossinho por ossinho dos animais, ela  só descansa quando  forma o esqueleto completo.

Completo o esqueleto, no caso de ser uma  loba, ela vai se transformado e ganhando  forma e musculatura e sai  correndo floresta a dentro,  mundo à fora,  protótipo da mulher livre de tudo, principalmente das amarras internas que sufocam a alma, a criatividade, as histórias vividas e passadas, no caso, a própria vida..

A cada página  as sensações, vão ganhando espírito e  vai brotando na minha quintaessência aos borbotões, a certeza que eu também  preciso ir buscar meus ossos

sexta-feira, 3 de junho de 2011