Essa noite acordei com um barulho enorme no portão da frente de casa.
Pensei: Estou sendo invadida por ladrões. Poderiam ser marcianos.
Mas eu sabia que não.
Se alguém estivesse invadindo minha casa, com certeza seriam ladrões, que levariam em poucos segundos tudo de uma vida quase inteira, já que eu pretendo viver ainda mais uns quarenta anos, pelo menos.
Mas ai ouvi um miado revelador.
Miado que me deu um alivio danado. Ahhh!!! É o Loki voltando de suas madrugadas congeladas.
Mas perái, esse miado não é do Loki.
Mãe conhece voz de filho.
Choro de filho.
Miado de filho.
Pé ante pé, lá fui eu investigar com ímpetos obsessivos de Hercule Poirot.
Poderia ter pegado a burduna que repousa poderosa dentro do cesto cargueiro indígena, mas desisti.
Desci as escadas com a cara e a coragem.
E lá estava o invasor.
Um mestiço vulgar, magro e assustado.
Seria ele um visitante com uma vida provavelmente miserável e perigosa? Ou um ladrãozinho de araque que comia com vontade o whiskas filhote dos meus pimpolhos?
Pensando em tudo que o Plinio Arruda Sampaio falou no primeiro debate dos presidenciáveis sobre igualdade, esperei pacientemente que ele enchesse a sua barriga.
Procurando não pensar no frio congelante que fazia nesta madrugada, e sem fazer perguntas indiscretas do tipo para onde você vai numa uma hora dessas, deixei-o partir.
Hoje separei um pote especial e coloquei num lugarzinho acessível para ele.
Não sei quem ele é. Sei que precisa de comida, talvez um cobertorzinho e um carinho.
A única coisa que está proibido é dar susto.
Estou ficando velha, e perco o sono com uma rapidez estranha.
Eu poderia estar dormindo, eu poderia estar roncando, mas por conta do susto e da péssima programação da sky desta outra madrugada me peguei assistindo a biografia da Fantasia Barrino, ganhadora do American Idol de 2004.
Falta do que fazer melhor não há.
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