E lá foi ela cheia de onomatopéias na cabeça.
Tinha dia que acordava cheia de amanhã.
Tinha dia que dormia ontem
Não sabia se ia, se ficava, se cuspia no fosso ou se debochava dos livros.
Confusa. Sempre confusa,  fingia quando se sentia nervosa.Fingia, e se desencontrava dos amigos para eles não proibirem seus olhos.
Indiferente, se tivesse que correr corria.
 Principalmente das impressões e significados e da imensa alegria  que carregava porque não tinha ido no enterro do pai.
Se saia pela porta da frente. Voltava. Aforismos, neologismos, sadismos. Gostava. E  ficava acordada até tarde lendo bula de remédio.
As incertezas, os inversos, os infernos, descarregava  na tomada igual bateria de celular. Usava blusa de babado e pensava que a noite disfarça tudo.
E confundia os próprios miolos com idéias de grandeza: queria ser uma virgem de Álvares de Azevedo.
Escandalizava a avó. As prostitutas são livres. E gozam quando querem. E subia nua no pé de goiabeira.
Sentenciava, enunciava e denunciava os hiatos  dos clichês óbvios.
Um dia pariu palavras. Zonza sentou-se no meio fio.
Precisava colocar em xeque seus miolos moles.
Apagar o incenso, se meter na roda,  permitir o cortejo e apenas  uma dose de vodka.
Precisava ver graça no ato.
Derradeira, viu que seu gato era de carne e osso e saiu pra  desfrutar de si.
Nunca mais voltou.

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