Sexta fui ver a exposição da Tarsila no CCBB.
Tudo tão simples, poético...um percurso afetivo mesmo. Quase se podia sentir o cheiro da época.
Acho que fiquei com essa impressão pelas cartas escritas à mão, com caneta tinteiro.
Surpresa boa na verdade  não foi  ver o Aboporu por lá, já sabia que ele  não ia mesmo. Tinha lido no jornal.
Surpresa foi ver que o Urutu era roxo. De um roxo lindo. Cor de  doce de  batata doce. e brilha intensamente Nas ilustrações, ele sempre parece meio marrom.Cor xôxa.
Mas é lindo. Vibrante. Parecia que do ovo, a serpente logo logo ia  nascer... bem ali na minha frente. Esperei. Nada.
Fiz um comentário com o casal do lado: Tudo é tão lindo e  fresco, que parece que ela acabou de pintar ontem mesmo...
 E como não poderia deixar de ser, estavam lá todos os fantasmas.
Depois do que vi, decidi que vou fazer diário de viagem.
A lá Tarsila.
Pra que algum dia, alguém veja e fale: Uau, que legal, ela viveu né? cada momanto...vou fazer um também... 
E então a chuva caiu. e me sentei nas escadarias que dão pra Candelária.
Estava linda e iluminada. Os turistas a clicavam, e eu pensei: Nunca entrei ali. Passo há mais de trinta anos na porta dessa igreja, um marco na história dessa cidade, e nunca entrei.
Sempre fiquei só na porta.
Alheia.
Então, eu tirei meus sapatos de salto, e fiquei olhando um poeta vendendo sua obra pelo preço que as pessoas pudessem dar...
Ele me falou: a arte não tem preço.
E eu fiquei ali. parada. pensando: será que não tem mesmo?

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