Tenho ajudado Bi, meu filho do meio, a fazer as redações quinzenais da escola.
Um dia vi que ele pensava,pensava, muito compenetrado e perguntei _O que foi filho?
- Estou escolhendo um título...
-Ué, mas você já sabe sobre o que vai escrever?
-Não.
Eu ri.
Essa coisa do titulo é sempre complicada.
Quando eu tinha lá meus doze anos, já escrevia poesia há algum tempo, e não tinha a minima criatividade para colocar títulos nelas.
Nunca me ocorreu naquela época que eu simplesmente poderia renunciar a isso.
O título era um peso tão grande na minha vida, que um dia fiz uma loucura para terminar com este meu sufoco.
Como eu era amante de fotonovela naquela época,comprei um caderninho na papelaria mais próxima, peguei minha coleção de fotonovelas(adorava o Massimo Ciavarro, alguém aí lembra dele?) e simplesmente preenchi cada página em branco, com os vários títulos da minha coleção fotonovelística.
Hoje eu morro de ri do que eu fiz. Tinha títulos bizarros, como: Amor, com a ajuda dos cachorros.
Só com muita criatividade eu poderia criar uma poesia com esse título né não? Quer dizer, só eu mesma né?
O fato é que até hoje eu ainda guardo essa relíquia.Um caderninho sem capa, de páginas amareladas, cheio de títulos e totalmente em branco.
Nunca consegui escrever um único verso com tanto título disponível.
Cheia de alegria e boas intenções expliquei ao Bi que título é batismo, vem depois do texto pronto.
Ou não.
Demorei a sacar que quem batiza o texto não é autor do texto é o próprio texto.
Ou não.
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