( tela de paul emile becat)
Eu adoro poesia erótica, acho lindo esse entrelaçamento entre a transgressão do sexo e a liberdade do sexo.
E até mesmo eu, já trilhei pelos caminhos do erotismo. E adorei a experiência.
É uma sedução escrever uma poesia erótica, e não fico nada admirada que Drummond Bilac e Castro Alves também tenham sido seduzidos pelos rituais de Eros.
Porque não?
Porque não transgredir a ordem, censurar a crítica e trilhar a senda do proibido?
Fazer poesia é aventurar-se pelo mundo dos sentidos e das palavras.
A poesia de Drummond e Bilac e Castro Alves. Indecorosas.Perversas. Eróticas. Deliciosas.
Sugar e ser sugado pelo amor
Carlos Drummond de Andrade
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
C. D. de Andrade
Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.
Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto e comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.
Adorando.
Nunca pensei ter entre as coxas um deus.
Delirio
Olavo Bilac
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem! ? num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
Mais abaixo, meu bem! ? disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…
Beijo Eterno
Castro alves
Diz tua boca: "Vem!"
"Inda mais!" diz a minha, a soluçar...Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morro por teu amor!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor
Muito bom esse post.
ResponderExcluirConcordo plenamente, acho que poesia pode ser aliada ao erotismo e Bilac é um dos meus preferidos.
Beijo :*
A poesia 'beijo eterno' não é do Olavo Bilac, mas sim do Castro Alves, fica a dica ok?! ótimo post
ResponderExcluirOi Gracielly.
ResponderExcluirRealmente você tem razão.
Os dois poetas Castro alves e Olavao Bilac tem poesias entituladas Beijo Eterno.
Essa poesia do meu post é realamente do Castro Alves.
Obrigado pela dica.
A do Olavo Bilac é esta:
OLAVO BILAC
BEIJO ETERNO
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo.
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querido!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormida em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presas
-Beija ainda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito o teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!
Suceda a treva a luz!
Vele a noite de crepe a curva do horizonte;
Em véus de opala a madrugada aponte
Nos céus azuis,
E Vênus, como uma flor,
Brilhe, a sorri, do ocaso a porta,
Brilhe a porta do Oriente! A treva e a luz - que importa?
Só nos importa o amor!
Raive o Sol no Verão
Venha o outono! do inverno os frígidos vapores
Toldem o céu! das aves e das flores
Venha a estação!
Que nos importa o esplendor
Da primavera, e o firmamento
Limpo, e o sol cintilante, e a neve, e a chuva, e o vento?
Beijemo-nos amor!
Beijemo-nos! Que o mar
Nossos beijos ouvindo, em pasmo a voz levante!
E cante o sol! A ave desperte e cante!
Cante o luar,
Cheio de novo fulgor!
Cante a amplidão! Cante a floresta!
E a natureza toda, em delirante festa
cante, cante este amor!
Diz tua boca: "Vem!"
"Inda mais!", diz a minha, a soluçar ... Exclama
Todo meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! Morde! Que doce é a dor
Que entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! Morde mais! Que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo.
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para meu amor!
Ué, mas as duas últimas partes desse poema do Bilac, são do poema do Castro Alves ..
ExcluirLindão maravilho
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