Ser feliz ou ter uma vida interessante?
Essa indagação nasceu
de um texto que li da Martha Medeiros ha muito tempo, sobre a citação do psicanalista Contardo
Calligaris que comentou que ser feliz não é tão importante, que mais vale viver
uma vida interessante.
Se isso me fosse dito quando esperava que o sol
nascesse todas as manhãs do mesmo jeito, com a
minha intrasigência habitual, maturada pela imaturidade, mandaria esse
psicanalista ir colher chuchus, como nos versos de Adélia.
Mas agora me vejo tão pertencida desse pensamento.
Não precisar da felicidade, necessariamente para ser
feliz, é de uma libertação que ainda me choca, mas é uma atitude que venho
cultivando a cada dia que passa, com a força de tratores.
Quando acreditamos que um dia de chuva pode acabar com
a nossa felicidade, ou um vestido que tem o fio puxado, ou o cara que você ama
não é exatamente aquilo que você sonha de um homem perfeito, estamos fadados a
eterna insatisfação.
Não que tenhamos que os contentar com o pouco, com o
mínimo, mas é preciso extrair da vida o que ela te oferece.
Ter uma vida interessante parece sim a vida
perfeita.
Mas somente agora posso dizer isso.
Passada a aflição da metáfora,
posso me entregar a antítese sem medos.
Posso parir o desconhecido, enfrentar velhos desafios,
me entregar às
ambições mais pequenas como ler um livro sem ser incomodada, isso sim
felicidade suprema.
Coisas pequenas nos fazem tão bem, pena que não nos
damos conta disso.
Eu tive que aprender no sufoco a dar a valor as pequnas coisas sem almejar as metas tradicionais, ao
que supostamente estava escrito.
E só me dei conta disso, quando saí do poço e vi que
a cada dia eu recomeçava do zero.
Cada dia era um dia diferente e que eu estava
disposta a tudo.
Realmente dá trabalho viver.
Mas é tão bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui