quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sobre Diários



Diários me remetem à memória.
Não tem jeito.
É alguma coisa assim que para mim é fundamental.
Outro dia, uma amiga, achou engraçado o nome do meu blog "Diário da Fafi".
Eu não respondi na hora.Mas depois fiquei pensando.

Bem, Fafi, é meu apelido dado por um ex-namorado há mais de vinte anos.E os diários, fazem parte da minha vida desde a tenra infância .
Eu sempre anotei incansavelmente em meus cadernos os meus dias nada agitados.
Mas era fiel em retratar meus sentimentos, em escrever versos e desenhar bonecas.
Na adolescência os diários viraram relicários de protestos, de poesias engajadas, de sonhos de madureza, e quem sabe, de um príncipe que nunca viria, mas naquela época, eu não sabia.

Na juventude, meus diários eram verdadeiros compêndios literários e artísticos, palanque de discurso políticos, de intensas declarações de amor e ódio, palco de sonhos incertos e muitas, muitas análises filosóficas sobre mim mesma e os meus amores.
Somente Renato Russo me entendia nessa época, e a Legião foi a trilha sonora perfeita dos meus dias.Daqueles dias.

É isso, inclusive, que sempre me lembra, que sou uma legítima representante da Geração Coca -cola.

Depois casei, tive filhos, e diário virou sinônimo de agenda de trabalhos, com datas e horários tão previsíveis quanto o céu azul sob nossas cabeças.

Um dia, mexendo nas minhas coisas, achei vários de meus diários.

O mais antigo infelizmente é de 1988, mas não é nada não é nada, lá se vão dezenove anos.E lá estou eu, 21 anos, inteira,incerta,insegura,tanto quanto aos 40.

O mais dolorido de ler, foi o do primeiro ano de meu casamento, quando a realidade do cotidiano me mostrou com quantos paus se faz uma canoa.

Os diários, livros, agendas ou blocos feitos a mão quando a grana tava curta, revelam o que já estava intríseco.
A necessidade de escrever, de relatar, de descrever o cotidiano, os sentimentos, as inseguranças e anseios de mim mesma e de minha geração.

Pensei muito, e cheguei a conclusão que os diários me fizeram adiar por muitos anos minha escrita pública, porque escrever diário é tão íntimo, é tão campo seguro, que senti dificuldade de me desnundar.

Porque no fundo no fundo, escrever é se mostrar.E eu, tenho tendência a ostra.

Mas a idade, e o gostinho de ser lida é tão bom, que nada hoje em dia, me faria anular esta experiênia.

Por isso quando fui fazer o blog, foi muito natural escrever em diário, pois é isto, e sempre será.

Sou uma mulher de diários.

Este, é apenas mais um, dentre todos os que já tive na minha vida.

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