Estavam no fim do relacionamento amoroso.
Já não tinham muito para se falar. Todas as palavras já haviam sido gastas e já não faziam mais nenhum sentindo.
Ela, exaurida, olhou para aquele que fora, seu amor. Não o único, não o melhor, mas fora o seu amor.
O que ele tinha feito? o que ela tinha feito?
Porque as coisas saíram daquela maneira?
Ela recorreu aos seus mais íntimos recôncavos, mas viu tanta dor ali, que resolveu que não iria tentar descobrir mais nada.
Olhou pra ele.
-Eu sinto muito, mas vamos ser feliz?
- Vamos.
- Juntos não. Separados. Vamos nos dar essa chance?
Ele ficou quieto. Refletindo. Talvez ela tivesse razão.Mas o apego falou mais alto.
-Não
- Você sabe que quando existe o amor, ele liberta né?que o amor quer que o outro seja feliz. E o apego quer que a gente seja feliz, independente do outro.
- Bobagem de almanaque.
- Entendo.
Pagaram a conta e entraram no carro.
Cada um aprisionado em seus pensamentos. Com certeza chegariam em casa, ela dormiria sozinha na enorme cama de casal, e ele dormiria no sofá da sala, mentindo sobre estar vendo um filme na televisão.
Ela acorda no meio da noite e se senta no chão.
Ele acorda no meio da noite e olha para ela.
- Sabe como eu sinto?
- Não
- É como se o nosso amor estivesse em coma. O tempo passou, tanta coisa mudou, e nós dois não vimos, porque ele está de olhos bem fechados, em outra dimensão. No nosso intimo,a gente sabe que há coisas que nunca mais voltarão. Me sinto como uma viúva de marido vivo, que espera até o ultimo minuto que o médico diga que ele vai sobreviver.
Ambos se olham profundamente. Sabem que aquele é o ultimo abraço dos dois.
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