sábado, 31 de maio de 2008

dia mundial sem tabaco



Tia Ely era uma fumante inveterada.Ela e meu pai.

Ambos fumavam Continental, um cigarro forte de filtro amarelo concorrente direto do Hollwoody.

Meu pai tinha um bar nessa epoca e eu adorava quando o carro da Souza Cruz descarreva pacotes e mais pacotes de cigarros. Mas devo confessar que nunca tive curiosidade de fumar.

Até que tia Ely começou a me pedir que acendesse seu cigarro enquanto ela terminava uma costura e outra.

Foi assim que comecei a fumar em casa,acendendo o cigarro da tia.

Quando aprendi a tragar, foi minha desgraça. Passei a ser dependente, e minha história muda de rumo.

A prateleira do bar do meu pai, passou a ser alvo constantes das minhas investidas.

Passei a filar varejos, até que já dependente, passei a roubar cartelas inteiras de cigarros.

Posso dizer que também fui influenciada pelos comerciais de tv que passavam na época. Eu fumava Luis XV, porque ele tinha um apelo comercial lindo.

Depois entrei na febre dos mentol.

Fumei Carlton, Charm,até que finalmente parei no Hollywody.A propaganda era o meu farol.

Tinha 14 anos quando aprendi a fumar em casa.

Fumava escondido, e acho que ninguém desconfiava porque meu pai como fumante, fumava em casa e impregnava tudo com o cheiro da fumaça.

Minha mãe descobriu que eu era fumante quando completei 18 anos.Viajamos juntas, e eu fiquei desesperada diante da situação, acabei não aguentando, e na rodoviária mesmo, saquei meu Plaza e pitei.

Tomei um pito,mas já trabalhava desde os 15 anos, e bancava meu vício, então minha mãe aceitou.Meu pai também sabia, colocávamos nossas cartelas de cigarros juntas e filávamos um do outro, quando nossos respectivos maços esvaziavam.

Porém meu pai nunca me viu com um cigarro na boca. Não tive coragem de fumar na frente dele.

Fui me tornando uma fumante inveterada, sempre marcada pela culpa, pelo pigarro, pela magreza excessiva, pela falta de viço, pela tosse, pela falta de ar....
Cansei de fazer promessas se simpatias para parar de fumar.

Quando meu cigarro acabava de madrugada, procurava bares abertos, se não tinha, ficava sentada no portão da minha casa, esperando para ver se passava um fumante pra filar um cigarrinho.

Dependência neurótica.

Já transei fumando, tomei banho fumando, enfim, não largava o cigarro por nada deste mundo.

Nem a morte do meu pai quando eu completei 20 anos, por enfarte, me fez parar.Tenho certeza absoluta que ele não resistiu ao ataque por causa do desgate físico causado pelo cigarro.

Mas nem essa perda irreparável, me fez largar meu vicio.

Até que um belo dia eu fiquei grávida e, eu uma inveterada fumante, num ato de amor profundo, deixei de fumar.

Nesses 14 anos tive algumas recaídas. Durante tempos de maior angustia e aflição, busquei no cigarro soluções para meus problemas.

Mas o cigarro já não tinha o mesmo efeito ditador sobre mim.

E foi tão bom me libertar desse vicio definitavamente, pois tinha uma relação muito doentia com o cigarro, e isso me fazia muito mal.

Me sinto limpa, leve, solta.

Sei que é dificil largar o vício.Mas a vida sem fumar é muito melhor, digo isso de cadeira.

Quem quiser tentar, que se habilite...

Esta blogagem faz parte da blogagem coletiva proposto pelo site http:www.apenas-nana.blogspot.com/

6 comentários:

  1. Fáfi, adorei seu blog!!! =D

    Fui aleatoriamente nos blogs que aderiram à postagem sobre tabaco, e li uns três posts, um atrás do outro! Super leve seu jeito de escrever, adoreeeeeeei!! =D

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  2. Querida amiga, nossa história é parecida.
    Muito obrigada.

    Um beijo!

    Aguardo sua visita no Espaço Mensaleiro.

    Eliana Alves

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  3. Fafi, o que um filho não faz! Largar o vício além de provar o seu amor, provou também que basta ter muita força de vontade. deixa de fumar quem quer. Vejo muitas pessoas dizendo querer deixar o vício, mas na realidade não querem realmente. Excelente participação! Beijus

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  4. adoreiiiiiiiiii teu espaço amiga...se me der a honra,vou linkar,beleza?
    ótimos textos...to me sentindo em casa...

    beijo magico

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  5. Fafi,
    Primeiramente parabéns pelo blog!
    Que relato chocante, mas com final feliz, não é. Somente a força do amor por um filho foi capaz de mudar você e parar com o vício.
    Mas infelizmente eu AINDA vejo algumas mulheres grávidas fumando.... imagino o bebê lá dentro sofrendo... ai, quanta crueldade.
    Parabéns também por ter sido forte para mudar o teu destino diferente do teu pai.
    Nunca é tarde, mas essa transformação precisa vir de dentro pra fora, não adianta nós ficarmos aqui falando que o cigarro mata, bla bla bla pois o ditado é verdadeiro: falar é fácil, fazer é que são elas.
    Abraços,

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  6. Nossa Fafi que depoimento.
    Emocionante.
    Um dos mais belos que li.
    Muito obrigado por sua linda contribuição na Blogagem.
    Beijinhos

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